sexta-feira, 13 de abril de 2012

Texto: Supernova

Algumas coisas não foram feitas para durar.
Brilham com tamanha intensidade de luz, irradiam tamanha alegria que ao acabarem (sempre de repente) deixam em seu lugar um buraco negro, consumindo o calor a nossa volta.
Esse foi o caso da minha cachorrinha Sofia.
Um certo dia ela apareceu, não se sabe bem como nem de onde. Ouvi que estava em uma caixa cheia de cachorrinhos abandonados. De algum modo chegou em mim. Ficou cerca de uma semana sendo chamada de "cachorro". No fim virou Sofia.
Sofia chegou em casa com menos de um mês de vida. Era uma bola de pêlo. Não sabia nem andar direito! Aprendeu rápido. Só não sei se foi antes ou depois de aprender a morder. Também não demorou pra crescer. E como cresceu!
Ficou bonita, o pêlo liso, parecia cachorra de raça! E como era engraçada. Gostava de morder os calcanhares das pessoas, sem machucar, só pra provocar mesmo. Além disso tinha o péssimo costume de destruir (mesmo!) qualquer meia que encontrasse pelo chão.
Meu outro cachorro tinha horror a ela! Depois acostumou, ficaram "amigos". Ela não descolava dele e nem ele dela.
Uma vez ela destruiu minha meia.
Uma vez mordeu minha orelha.
Uma vez roubou um pedaço de pão da minha mão.
Uma vez rasgou minha camiseta preferida.
Uma vez sentou em cima de mim e ficou lambendo minha cara.
Percebia quando eu estava triste ou feliz (não que isso significasse mais ou menos mordidas).
Como ela era a "invasora" na casa e já tínhamos um cachorro macho, decidimos castrá-la.
No dia treze de Abril de 2012, Sofia teve uma reação a anestesia e morreu.
Toda a luz e alegria que emitiu é insuficiente para cobrir o gigante buraco negro de sua ausência.
Viveu intensamente e o de repente de sua morte tira todo o meu amparo.
Fico a imaginar latidos, sonho acordar com lambidas. Não vem...
Viveu intensamente e estará para sempre na memória dos que apreciaram esta existência linda.
Viveu...
Intensamente...
Só me resta a saudade e a lembrança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário