sábado, 2 de novembro de 2013

Reflexão Breve e Pessimista: Só eu

Eu nasci sozinho, numa sala branca, cercado por gente de branco que insistia saber mais sobre mim do que eu. Ter me vivido mais do que eu. Ter me influenciado mais do que eu. Mas eu não nasci vazio e, por isso mesmo, nasci sozinho. 

E naquele momento, pelado e segurado de cabeça pra baixo por um desconhecido, foi que eu chorei pela primeira vez o choro de quem perde uma companhia. Eu perdi a mim mesmo. Daquele momento em diante nunca mais havia de me contentar com a minha própria companhia, sendo condenado a buscar em outras pessoas eternamente um espelho que me pudesse refletir e compreender. Me ensinaram (ou me lembraram) que eu era único e eu por mim mesmo concluí que viveria e morreria sozinho.Sozinho por saber que nunca seria completamente compreendido, que nunca seria completamente enxergado e aceito. Que partes de mim permaneceriam ocultas até a mim mesmo e que eu jamais poderia encontrar paz. E no meu leito de morte nenhuma das lágrimas haverá de chorar pelo meu eu inteiro, deixando minhas partes esquecidas condenadas a fantasmear por aí eternamente. Sozinhas e incompreendidas.
O preço de se saber único é a eterna solidão. A eterna sensação de não pertencer (aos lugares, às pessoas, às situações). O eterno medo de nunca mais se ver completo. A eterna certeza de que uma parte de si haverá de ser sempre dúvida. E a ânsia desesperada por alguém que nos responda

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