domingo, 5 de janeiro de 2014

Excerto Inútil: Precisamos Conversar

Acordei pensando em você, sei lá.
Quando a gente brigou eu acho que fiquei meio desnorteado. Uma vontade de gritar pra todo mundo, de me sentir melhor de algum jeito. Olhei em volta, acho que eu queria fazer uma cena. Não sei.
Aquele seu apartamento que tinha sido tão meu nos últimos dois meses agora contrastava com a situação. Tão harmônico, calmo... Olhei em volta por alguma coisa que pudesse pegar, meio que gritar "é, isso aqui é meu e eu levo comigo!", só pra não sair de mãos vazias. Não vi nada. Nem os lugares nunca me marcaram muito nem eu nunca cheguei a marcar muito os lugares, sei lá. Naquele dia o apartamento era tão seu que assustava.
Fui até o quarto, tirei minhas coisas das gavetas. Deixei-as abertas, como que numa revolta infantil, numa vontade de instaurar um clima de guerra naquele local pacífico. Olhei em volta de novo. Tinha que levar alguma coisa! Qualquer coisa!
No fim, enchida a mala com as minhas nem tantas roupas, só peguei o despertador, única possessão minha compondo aquela harmonia quase agressiva. Não acho que tenha feito falta.
Acordei pensando em você. Despertador filha da puta. Em quinze minutos levanto.

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